O técnico Tite comandou um treinamento secreto no CT Joaquim Grava na tarde desta quarta-feira. Apenas funcionários do Corinthians - e uma viatura policial - estavam no local enquanto os jogadores se exercitavam. A preocupação maior não parecia ser com a imprensa, que acompanhou a atividade à distância, sem muitas restrições. Os portões estavam fechados, principalmente, à torcida.

Na terça-feira, um grupo de torcedores organizados invadiu o CT corintiano para protestar contra a queda de rendimento do até então líder do Campeonato Brasileiro. O ato foi repudiado pelos jogadores. "Não precisam jurar de morte para a gente jogar. Somos responsáveis", rebateu o meia Alex. Ao lado dele, o volante Paulinho se mostrou tão incomodado quanto: "Não dependemos de nada disso para ter motivação. É difícil quando invadem o nosso local de trabalho".

Apesar de concordarem com o técnico Tite, que classificou o protesto como "desagradável", os atletas relevaram a situação. Paulinho, por exemplo, teve a experiência de enfrentar manifestações muito mais violentas quando o Corinthians acabou eliminado pelo Tolima, de forma vexatória, na pré-Libertadores. "Já sabemos como o clube funciona, o que acontece quando há derrotas. O Alex também sabia que era assim quando foi contratado e aceitou, até pelas proporções que recebeu. Temos que aceitar", disse o volante.

Alex e Paulinho ressalvaram que os torcedores têm direito de criticar a equipe - do lado de fora do CT. "Se for combinado, até podemos conversar com eles, sem problemas. A gente não deve nem generalizar. É uma minoria que passa dos limites e faz coisas que não nos motivam. A maioria apoia durante o jogo e cobra depois", afirmou o primeiro. "O protesto é válido, mas lá fora, na arquibancada", acrescentou o segundo.

Os jogadores esperam outra postura dos torcedores que estiverem no Pacaembu na noite desta quinta-feira, no confronto direto com o Flamengo. "É óbvio que seria desconfortável jogar com vaias. Mas, durante os jogos, a torcida do Corinthians sempre apoia. É preciso o time estar muito mal para eles vaiarem. Podemos contar com eles, com certeza", concluiu Alex.