Crise de identidade e diminuição de receitas: O Vitória não se reconhece no futebol brasileiro
"Vitória, Vitória, mostra o teu valor", esta importante parte do antigo hino do clube se tornou um discurso popular dentro da torcida nos últimos anos. Desde 2015, o Vitória não faz boas campanhas em cenário nacional, acumulando resultados negativos e brigas na parte de baixo da tabela.
Quando o Vitória foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2018, muitas pessoas imaginavam que o clube, por sua tradição, não sofreria tanto para retornar para a elite do futebol nacional, local de pertencimento histórico do Leão.
Apesar da expectativa de um retorno aos "eixos", o torcedor do Vitória viu um clube ainda mais perdido em 2019. O início de gestão de Paulo Carneiro, que assumiu a agremiação para a disputa do Brasileiro, não causou nenhum impacto na equipe, que só iria "comemorar" a permanência na Série B na penúltima rodada do torneio.
Mesmo com a diminuição drástica das receitas do Vitória, provocada inicialmente por más gestões em 2017 e 2018 e pelo rebaixamento do clube, o Leão começou 2020 com expectativas positivas. Ganhou o BaVi da Copa do Nordeste na Fonte Nova e finalmente colocou em prática a equipe sub-23 para a disputa do Campeonato Baiano.
Pietro Carpi / ECVitória
Como a temporada começa com uma competitividade menor, a torcida provou novamente o sabor da ilusão. Sob a gestão de Paulo Carneiro, o Vitória contratou jogadores rodados que nada acrescentaram ao clube e ainda tomaram espaços dos jovens da base. Mesmo passando por crise financeira, a diretoria rubro-negra escolheu "reforçar" a equipe com jogadores como Junior Viçosa, Gerson Magrão, Marcelinho, Ewandro e Mateusinho.
Contra as expectativas geradas após as eliminações na Copa do Nordeste e primeira fase do Campeonato Baiano, o Vitória até começou a Série B de forma razoável. O clube chegou a fazer parte do G-4 da competição, mas logo os defeitos apareceram.
Sem vencer fora e com desempenho irregular em casa, o técnico Bruno Pivetti, que ficou no lugar de Geninho, foi demitido. Para o lugar dele, o novo erro. Chegou ao Leão o treinador Eduardo Barroca, que não conseguiu reagir com a equipe e ainda largou o Vitória após receber uma proposta do Botafogo, bem provável adversário do Rubro-Negro na Série B de 2021.
Sem nenhum tipo de planejamento da diretoria, o técnico Rodrigo Chagas assumiu interinamente o comando da equipe e em quatro partidas, resolveu o problema do Leão fora de casa com uma grande vitória contra o Paraná e chegou a provocar a ilusão de acesso na torcida.
Contra todos os fatores, inclusive contra o próprio clube, o presidente Paulo Carneiro preferiu contratar o técnico Mazola Junior, que não conhecia a equipe e vinha de trabalhos sem grandes resultados. O meio de tabela com possibilidade remota de acesso se transformou numa briga complicada contra o rebaixamento. Com 25% de aproveitamento, Mazola deixou o Vitória.
Coube a Rodrigo Chagas a missão de resgatar uma equipe praticamente entregue, que também na penúltima rodada da Série B, garantiu a permanência na competição pela segunda temporada seguida.
Antes de cair para a Série B, o Vitória também brigou para não cair na Série A por dois anos seguidos. Resta saber se nesta altura, o senhor que ocupa a presidência do Vitória ainda tem a humildade de aprender alguma lição, ou de assumir a incapacidade de levar o clube a novos dias de glória.
A análise do Vitória de 2020 é feita com base na gestão de 2020, sem ignorar os feitos do presidente Paulo Carneiro nos anos 90, que foram importantes para a história e patrimônio do clube.
Até os grandes personagens precisam saber a hora de parar. Enquanto isso não acontecer, o Vitória seguirá sem futuro, sem receitas e principalmente sem identidade.