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Mulheres ascendem no jornalismo esportivo, mas ainda enfrentam preconceito

por @Raffacarolina em 27 de Janeiro de 2020 10:54

No último dia 22 de janeiro, a jornalista Ana Thais Matos comemorou o aniversário de um ano da sua estreia como comentarista no SporTV. Na ocasião, ela atuou na partida entre Ituano e Novorizontino, pelo Campeonato Paulista 2019. O feito rendeu a ela o título de primeira mulher a comentar um jogo de futebol masculino no Grupo Globo, após 54 anos de história da emissora carioca.

Muito celebrada, a data rendeu algumas reflexões sobre o lugar da mulher no esporte. Após Ana Thais assumir o posto de comentarista de partidas, sendo inclusive escalada para o Campeonato Brasileiro, um tabu foi desmistificado. No entanto, a luta é grande para conquistar espaço em um ambiente tomado pelo público masculino. Listamos abaixo alguns tabus a serem quebrados dentro do esporte.

Desconfiança

Apesar de absurdo, é comum que haja desconfiança quando uma mulher assina alguma notícia, matéria ou documento. Em casos de furo de reportagem surge até mesmo o questionamento acerca de como a profissional conseguiu a pauta. Com isso, muitas vezes é necessária a co-autoria de um jornalista do sexo masculino. Este último dado sustenta a pesquisa do Movimento Global de Mídia, em 2011, que avaliou 18 mil notícias esportivas realizadas e declarou que apenas 11% eram escritas por mulheres.

Mulheres em Cargos de Chefia

De acordo com pesquisa feita pela Comunique-se, mulheres ainda são minoria no jornalismo brasileiro. O resultado apontou que apenas 20,5% das mulheres estão em cargos executivos nos veículos de comunicação, sendo um dado ainda menor se tratando de áreas esportivas.

Isto é causado pelo número massivo de homens em uma redação, além disso, a falta de mulheres também em cargos de chefia ainda é grave, pois as mulheres tem de fazer três, quatro, cinco vezes mais para terem algum crédito, com isso é mais difícil ainda vê-las em cargos de chefia, quando os jornalistas do sexo masculino duvidam de um pedido de uma mulher.

Desrespeito

O preconceito é um fator muito presente na vida das mulheres, não só do ramo jornalístico. No entanto, se escancara quando o assunto é esporte, pois muitos acreditam que mulher não entende de futebol. A pesquisa realizada pela jornalista Renata Cardoso Nassar apontou que 85,65% das profissionais já sofreu preconceito, sendo que 38,46% relatou assédio como o principal tipo de constrangimento. Ou seja, além das mulheres já se sentirem constrangidas em estádios, também se sentem acuadas nas redações.

Mulheres comentaristas em Programas Esportivos

O tabu quebrado por Ana Thais Matos é apenas o engatinhar da caminhada até a conquista plena de espaço. Apesar de já ser presente, não é comum mulheres comentaristas, seja em programas esportivos seja em transmissões. E, isso é ainda incomum se tratando de mulheres negras. De toda forma, um avanço: a jornalista, Raphaelle Seraphim, foi a primeira negra a ocupar uma banca de programa esportivo, o Redação SporTV.

Além disso, há ainda um descaso em relação às profissionais em grandes eventos como, por exemplo, a Copa do Mundo Masculina. Ana Thais deu um passo à frente quando assumiu os comentários na Copa do Mundo de Futebol Feminino em na TV aberta. No entanto, na Copa masculina, de 2018, não houve a presença de mulheres nos comentários das partidas.

No mundo do rádio, é ainda mais difícil ter uma mulher à frente ou participando de programas de rádio esportivos ou em boletins.

Narração Feminina

Até 2018, ver uma mulher narrando jogos de futebol ou de outras modalidades esportivas era praticamente impensável. E, a criação de dois concursos para a inclusão escancara a disparidade de gêneros. Foi a partir do Narra Quem Sabe, do Fox Sports, e do Narradora Lays, do Esporte Interativo, é que mulheres conquistaram um espaço na cabine de transmissão. No entanto, a atividade ainda é incomum e muitas vezes interrompida.

Em 2019, uma mulher narrou um jogo da Copa Libertadores Feminina, mas ainda causa estranheza em muitos telespectadores. A primeira mulher a comentar diretamente algum jogo de futebol masculino em alguma emissora de televisão fechada foi Renata Medeiros. Em 2018, ela narrou alguns jogos do Campeonato Espanhol, e, posteriormente, alguns jogos da Copa do Mundo.

Em emissoras de rádio é ainda menos frequente: Claudete Troiano narrou jogos de futebol na década de 1970, porém a atividade foi interrompida. Apenas em 2018, quando Isabelly Moraes, de apenas 20 anos, narrou um jogo pela Rádio Inconfidência, em Minas Gerais. No entanto, não conseguimos ver mulheres tendo espaço para serem narradoras em jogos pelas grandes emissoras.

Parabéns, Ana Thais Matos

É difícil ser mulher em 2020, mas caminhamos para facilitar. O Preconceito existe, mas é necessário apoio e união para que as mulheres continuem fazendo seu trabalho e assumindo cargos. A caminhada para a conquista de um espaço no meio esportivo ainda é grande, mas não é impossível. Ana Thais é um exemplo a seguir e faz por merecer o seu papel. Que complete mais anos à frente dos comentários.

 

*Autora: Rafaela Carolina, colaboradora do site "Torcedores.com" // Foto: reprodução/twitter


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