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A culpa é só do atleta?

por Welington Silva em 12 de Fevereiro de 2011 11:35

Na última Copa do Mundo, realizada na África do Sul, a seleção brasileira foi eliminada pela seleção holandesa que jogava com um a mais em função da expulsão do volante Felipe Mello, motivada por uma jogada faltosa em Arjen Robben aos 27 minutos do segundo tempo. Era o fim da "era Dunga".
 
No dia 06 de fevereiro, eis que o zagueiro da seleção brasileira sub-20, Juan, desferiu um soco no jogador argentino Funes Mori, aos cinco minutos do primeiro tempo e foi expulso. Zagueiros e volantes desandaram a dar falta e Neymar, em mais uma atitude intempestiva, foi suspenso para o próximo jogo por ter empurrado o goleiro da seleção argentina.
 
Em 09 de fevereiro, o protagonista de atitude truculenta em mais uma partida da seleção brasileira principal contra o selecionado da França foi o meio campista Hernanes, ex-são paulino e atual jogador do Lázio, da Itália. Ele aplicou uma chamada “voadora” no peito do atacante francês, Benzema, recebendo, assim como Felipe Melo e Juan, cartão vermelho, desfalcando a seleção brasileira que perdeu da França pelo placar de um tento a zero.
 
O que está havendo? Que péssimo hábito é este da truculência dos jogadores brasileiros contra os seus adversários? Seria este agora o adjetivo para “jogo bonito?”, para o “fair play? Ou isso é uma expressão do chamado futebol força de influência européia? Quais as mensagens que esses jogadores estão dando aos jovens deste país, que em sua grande maioria, já vivenciam de diferentes formas a violência da realidade social brasileira?
 
Exemplos de atitudes violentas por parte de jogadores da seleção brasileira nós temos abundantes em tempos e espaços distintos, mas assusta a regularidade e a motivação com que esses atos estão sendo praticados. Notem que o jogo contra o selecionado francês foi um amistoso, que segundo o meu amigo Houaiss é um jogo “que é próprio de amigo(s); amigável, afetuoso”.
 
Segundo David Yallop, no importante livro “Como eles roubaram o jogo: segredos do subterrâneo da FIFA”, na década de 50 a seleção brasileira já era talentosa, mas este atributo era “frequentemente mascarado e desfigurado por um nível de violência que, se perpetrado fora do campo, teria resultado em sentenças à prisão”. (p. 32), portanto, não estamos tratando aqui de algo recente e precisamos ampliar o campo de compreensão e explicação deste fenômeno, para que não recaia no atleta, individualmente, o processo de culpabilização.
 
Se olharmos apenas para as atitudes individuais dos atletas aqui citados e outros que já foram protagonistas de ações parecidas e àqueles que ainda estão por vir, não iremos reconhecer a essência do problema, que se multiplica, na minha modesta opinião, pelas relações de trabalho aviltantes, seja para os atletas, que suportam uma jornada de trabalho absurdamente alta, em ritmo de jogo e treino interminável, seja pela comissão técnica supervalorizada única e exclusivamente por sua competência técnica dissociada de outros valores, seja pela valorização do jogador A, B ou C, como se o mesmo não dependesse de uma equipe, do coletivo para chegar aos seus objetivos e do clube, seja pela não profissionalização e má formação dos árbitros, etc, etc, etc.

Texto disponível no blog: http://esportemrede.blogspot.com/

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