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Atitude tupiniquim

por Edson Almeida em 10 de Janeiro de 2014 14:02

Esse alvoroço todo só porque o atacante Maxi Biancucchi não renovou com o Vitória e aceitou a proposta do Bahia é próprio de um futebol tupiniquim. Nada de anormal. Até porque o jogador não tinha mais vínculo com o Rubro-negro e já havia se esgotado todo tipo de negociação para a sua permanência no clube.
 
Vejam bem: se Maxi tivesse assinado com o Palmeiras ou Vasco, times que ele chegou a ser oferecido pelo seu empresário, mas cuja negociação não vingou, teria sido um negócio normal e tranquilo, mas aqui, quando um profissional muda de um para outro grande clube, é como se tivesse sido uma traição. 
 
Eu até acho que a maioria dos torcedores sensatos, que não são fanáticos ao ponto de rifar a própria mãe, entenderam e aceitaram com certa naturalidade. Os do Bahia aplaudindo a ótima contratação, os do Vitória admitindo que os entendimentos não chegaram a um consenso – e que, agora, o clube vai ter que correr em busca de um jogador do mesmo nível ou, em outra hipótese, ter um time competitivo, que justifique a decisão tomada em abrir mão do seu vice-artilheiro e um dos maiores destaques da última temporada.
 
Outra coisa: é até admissível que os torcedores mais fanáticos e menos esclarecidos se estressem, percam o controle emocional, xinguem dirigentes ou que façam gozações, arrotando grandeza. O que não é sequer razoável é que cronistas ou dirigentes entrem nesta jogada.
 
É muito lastimável, ridículo até, ouvir crônicas exaltadas, umas de derrota outras de vitória, como se o futebol se resumisse numa simples transferência de um jogador. Aliás, a crônica séria tem feito o seu papel, analisando o fato com naturalidade. Dizendo que o Bahia acaba de contratar um ótimo jogador, mas que não foi roubar ninguém dentro da Toca do Leão.
 
Já houve caso em que um jogador dormia numa concentração e acordava no escritório do outro clube, que empresários ficavam na espreitas de qualquer falha contratual para transferir o seu representado. Aí sim, houve dolo, desrespeito, gerando um descontentamento justificável.
 
Mas no caso dessa transferência de Maxi, não. Estava livre no mercado e encontrou um outro grande clube para jogar. Aliás, é bom realçar que este é o sentimento explicitado pelo presidente do Vitória, Carlos Falcão, que tem mostrado muito equilíbrio neste episódio.
 
No Rio, Bebeto jogou nos dois maiores rivais – Flamengo e Vasco -, sem qualquer tipo de briga; Romário e Petkovic andaram por tudo que foi grande time, sempre numa boa; agora mesmo, o goleiro Dida está trocando o Grêmio pelo Inter e nem por isso o mundo desabou.
 
O problema mesmo é que ainda temos muitos que continuam insistindo em ações de profunda imaturidade, próprias neste caso de um futebol que ainda não se libertou totalmente do velho rótulo de tupiniquim.

Edson Almeida* é comentarista esportivo do Galáticos na Itapoan FM

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